Tânia: atriz, leal, questionadora, sincera, irônica, exigente, fácil, radical, sensível, dura, intensa, controladora, generosa, egoísta, protetora, desapegada, aberta, ermitã, sensata e aventureira. "Sou todas em Uma" BEM VINDOS!


Oficina de teatro com Tânia Cavalheiro

3 de mar. de 2010

CASQUINHA

Quando eu era pequena, adorava casquinha! Era assim: o "homem da casquinha" passava pela minha rua todos os dias, mais ou menos às 2, 3 horas da tarde. Se ouvia aquele barulhinho “plac, plac, plac” do ferrinho batendo na madeira de longe! Eu ouvia e gritava: “Mãe, por favor, quero casquinha!”. “Não, hoje não”; (era sempre) a resposta. Eu implorava, pulava, agitava os braços, e ela seguia na sua cruel e sistemática negação... Já ficava aflita, pois o barulho do “plac, plac, plac” estava na frente da minha casa! E ela seguia no “hoje não”. Quando o homem da casquinha já tinha passado e estava na outra quadra (!!!) quase fora do meu alcance, eu corria em desespero da janela pra minha mãe e de minha mãe pra janela... E então, no último momento, ela dizia “ta bem, mas só uma”. Pegava o trocado, me entregava as moedas que eu agarrava bem forte para que não caísse nenhuma e saia correndo feito doida atrás do homem, gritando. Sempre o alcançava. Sentada na porta de casa, e com o maior prazer do mundo comia a casquinha como se fosse a maior iguaria do mundo. E era! Todo o dia a mesma coisa...Acho que ela deixava separado o troco da casquinha! Só pensei nisso hoje, tantos anos depois... Também me dei conta que às vezes, alguém me traz uma casquinha de presente, eu agradeço e a saboreio. MAS não tem mais o mesmo sabor, ah, não tem não! Não é porque o seu formato hoje não é mais em cone como era na época. Hoje é um tubo meio sem graça... Não é porque eu não sou mais criança, nem é porque até a água é diferente. Era “o ritual”. Um ritual só nosso: meu e de minha mãe. Era saber que eu ia ter que batalhar pela casquinha! Só depois de tantos anos, só hoje, pensei nisso (e posso estar só idealizando), mas quem sabe minha mãe queria me ensinar que as coisas batalhadas têm mais sabor?! Quem sabe...Quantas coisas NOSSAS MÃES nos ensinaram e nem nos demos conta? 12/04/2005

3 comentários:

  1. A gente comeu casquinha naquela tarde que fomos no Gasômetro, lembra???

    Te amo !!! Faltam 20 dias para comemorar nossa amizade...

    ResponderExcluir
  2. Lembro, AMIGA...e tava BOM, rsrsrs
    Impossível esquecer, foste e ÉS cada dia mais LUZ

    Te amo MUITO......
    Beijão!

    ResponderExcluir
  3. Oi, Tânia, tô adorando o teu blog. E essa da casquinha, miga, eu tb curti. Minha avó dizia sempre sim prá mim, eheheheh...Adoro tirar uma casquinha até hoje.
    Bjs,amada!

    ResponderExcluir

Olá!
Por favor sinta-se livre para comentar!