O primeiro despertar...
Acordar, esboçar o movimento de início de espreguiçar-se...
E lembrar que agora existe aquela ausência irreparável. Imensurável.
Só vazio preenchendo o espaço.
Como assim?! Deus existe e olha por nós...
Ou não?
O que fazer com as saudades que a vida vai nos dando?
A caixa!
Lembrei da caixa!
Quando eu era pequena, minha mãe
deu-me uma pequena caixa de madeira.
Cabia na palma da mão...
Ao abri-la vi que não havia nada dentro.
Claro que mostrei meu desapontamento.
Ela então me explicou que era a “caixa da vida”.
- “Hã”?
E veio a explicação: eu deveria usar a caixa para guardar
as alegrias ou para guardar as tristezas que certamente a vida me daria.
Nos meus primeiros anos de vida, a caixa foi ficando
cheia de risadas, de amigos, viagens, filmes inesquecíveis, tombos que me finavam de rir, de amores infinitos
que, (claro) duravam 15 dias.
O tempo foi passando e a caixa foi ficando pequena!
Então a deixei de lado.
E comprei pastas onde fui guardando os ingressos de
teatro e de museus, os bilhetes de eternas amigas,
cartas de amores e algumas fotos.
As tenho até hoje.
E espero ainda precisar comprar várias!
Com o passar do tempo, algumas tristezas foram entrando
e imaginariamente eu as colocava naquela pequena caixa. Quando ia à beira do mar, fazia o que minha mãe tinha me ensinado:
- “abre a caixa, assopra e manda para Deus que Ele se encarrega, Ele sabe o que fazer com tuas dores”.
Hoje eu queria dar uma caixa dessas para cada pai e cada mãe que perderam seus 232 filhos num incêndio idiota numa danceteria em Santa Maria, com um abraço
de grudar as almas.
Preciso ir à beira do mar levando minha pequena caixa, porque hoje minha caixa está cheia.
Que as ondas levem tudo!
Que as ondas levem tudo!
É por isso que de vez em quando, devemos brincar de
viver, entende?
29 de janeiro de 2013
___________________________________________________________
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Olá!
Por favor sinta-se livre para comentar!